A recente investigação da Polícia Federal (PF) revelou um esquema clandestino de monitoramento realizado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) entre fevereiro de 2019 e abril de 2021, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O relatório, que teve seu sigilo retirado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), expõe a utilização ilegal do sistema de geolocalização “First Mile” para espionagem de autoridades dos Três Poderes, jornalistas e servidores públicos.
O uso do sistema ocorreu sem autorização judicial e em desacordo com os protocolos institucionais da própria Abin. As investigações apontam que as atividades foram direcionadas a fins políticos, eleitorais e até pessoais, levantando sérias preocupações sobre a integridade das instituições democráticas brasileiras.
Lista dos principais nomes monitorados
Entre os alvos da espionagem estão ministros do STF, como Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux. A lista também inclui deputados e senadores proeminentes, como:
– Arthur Lira (PP-AL) – deputado e então presidente da Câmara
– Rodrigo Maia (PSDB-RJ) – ex-presidente da Câmara
-Kim Kataguiri (União-SP) – deputado federal
– Joice Hasselmann (Podemos-SP) – ex-deputada federal
– Renan Calheiros (MDB-AL) – senador
Governadores e ex-governadores também foram alvos, incluindo João Doria, ex-governador de São Paulo, e Wilson Witzel, ex-governador do Rio de Janeiro.
Além disso, o relatório aponta a vigilância sobre ex-ministros como Orlando Silva, servidores públicos do Ibama e auditores da Receita Federal. A lista se estende a jornalistas influentes, como Ricardo Noblat, Mônica Bergamo e Reinaldo Azevedo.
Implicações legais e políticas
As revelações geraram uma onda de indignação e questionamentos sobre a atuação da Abin e o respeito à privacidade e aos direitos individuais. A possibilidade de que informações sensíveis tenham sido coletadas sem supervisão judicial é alarmante e pode ter repercussões severas para os responsáveis.
A PF continua suas investigações para identificar todos os envolvidos no esquema. As consequências legais podem ser significativas para aqueles que abusaram do poder em nome da segurança nacional.
Conclusão
O caso da “Abin Paralela” não apenas expõe falhas graves na governança das instituições brasileiras, mas também ressalta a necessidade urgente de uma discussão mais ampla sobre vigilância estatal, direitos civis e a proteção das liberdades individuais em uma democracia.
O Brasil se vê diante de um momento crítico em sua história política que exigirá transparência, responsabilidade e um compromisso renovado com os princípios democráticos.
Jornalismo O Janelão
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