Alguém está mentindo nesta campanha

Todas as propagandas de governo, ao tempo de Raimundo Colombo, exaltaram a excelência do Estado, atribuindo a ações da administração estadual a conquista de patamares de boa governança de Santa Catarina no âmbito nacional. O próprio Colombo, agora candidato ao Senado, referencia os atos de seu governo como exemplos de bem fazer, prometendo atuar no Senado em favor do Estado. Talvez se tivesse concluído o seu mandato anterior como senador da República pudesse ter agido como promete agora.

Entretanto, apesar desse bafejo de otimismo de Colombo, os dois candidatos cujos partidos apoiadores estiveram com ele durante todo o curso dos seus dois mandatos, na sua propaganda eleitoral, cansam de elencar problemas e prometer soluções: para eles – e quem tira tempo para assistir sabe -, é preciso melhorar a segurança, a saúde, a educação, reduzir a máquina do Estado, instituir boas políticas sociais, ampliar o emprego, fortelecer a economia dando guarida às postulações do empresariado, reduzir ou eliminar tributos. Ou seja: os candidatos apoiados pelo Colombo não dizem o mesmo que ele diz e disse. Alguém mora no Estado errado.

Essa eleição mostra outra face lamentável: adversários ideológicos amontoados num só grupo de apoio a um e outro, ampliando a confusão na cabeça do eleitorado e permitindo, quem sabe, uma surpresa nos resultados. Não é por acaso que a disputa pelo primeiro lugar, segundo as pesquisas, reúne os três principais candidatos: Merísio, Mariani e Décio. E a distância dos indicadores não é muita. Está, no mais das vezes, dentro da margem de erro. Poderá haver surpresas.

Finalmente, parece-nos algo hipócrita a dissonância de pregações desses candidatos, em confronto com o que diz e disse Colombo. Parece não terem percebido. Será vergonha de dizer que continuarão a fazer exatamente o que fizeram os governos dos quais participaram e com os quais foram solidários e “sócios” o tempo inteiro (incluam-se oito anos de LHS e oito anos de Raimundo Colombo)? Suas candidaturas representam quem ou o quê? Porque do jeito que está, parece serem concorrentes de oposição, não parceiros.

E se um dos dois vencer – Merísio ou Mariani (pois apesar de tudo, as possibilidades de ambos são maiores que as de Décio, convenhamos) -, com o leque de partidos em apoio, alguma dúvida de que lotearão o governo, rompendo com os ditames de suas campanhas?

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