Moradora de Camboriú descobre que os restos mortais do falecido esposo foram desenterrados e colocados num ossário sem sua autorização

Nos cemitérios de Camboriú, os corpos não descansam em paz. Recentemente, sem ao menos ser avisada, Izabel Berg de Oliveira descobriu que os restos mortais de seu marido foram desenterrados para que a cova fosse reutilizada, mesmo tendo pago pelo terreno no cemitério do Rio do Meio. A moradora acredita que outros casos semelhantes também aconteceram.

Em março de 2008, Arceu Aparecido Franco, marido de Izabel faleceu em decorrência de uma insuficiência respiratória em virtude de câncer,e o corpo enterrado no cemitério do Rio do Meio. Por ter sido pega de surpresa, na época, Izabel não teve condições de pagar o terreno, mas ficou com a dívida, sendo paga quatro anos depois, em 2012. A falta de dinheiro também privou a família de construir o túmulo.

Por isso, no começo deste ano, Izabel reuniu suas economias para construir o túmulo do falecido marido. Ao chegar no cemitério para conversar sobre os pedreiros entrarem no local, Jean Galdino, diretor dos dois cemitérios municipais, informou que há dois meses, o corpo foi desenterrado e colocado no ossário. A moradora garante que ninguém da família foi comunicado a respeito.

Izabel relembra que quando perguntou sobre os ossos do marido, Jean apontou para um dos recipientes, o único que estava com uma marcação em “X”, e afirmou serem os restos mortais de Arceu, mas não apresentava qualquer outra identificação. Além disso, a moradora conta que no chão do ossário se encontrava diversos sacos de lixo com ossos de outras pessoas, e que não havia qualquer informação sobre a quem pertencia.

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A moradora ficou muito abalada com a situação, e desde então, tem tentado resolver o problema. Além disso, com a falta de respeito com a família, Izabel exige um novo enterro e por acreditar que misturaram as ossadas, também pede um teste que comprove que os ossos apresentados são, de fato, de seu marido. Ela também conta que Jean não sabe ao menos onde os corpos estavam enterrados anteriormente, aumentando a suspeita de que os ossos foram misturados.  “Além de querer o corpo, eu quero um exame que comprove o DNA com o meu filho”, diz.

Na conversa que teve com Jean, o diretor contou que estavam tirando todos os corpos que não possuem túmulo, e que ela não tinha direito nenhum. Mas o problema maior é que as famílias não estão sendo avisadas, e estão retirando os corpos de quem, até mesmo, comprou o terreno, como é o caso de Izabel. “Eu paguei, foi política da prefeitura com o cemitério da época, e eu gostaria que fosse respeitado”, desabafa.

Outra desconfiança apontada por ela é que até mesmo recém enterrados estão sendo retirados das covas para abrir espaço, principalmente, a pessoas que faleceram recentemente por Covid-19. “Ele tá tirando gente fresca, por que esses dias eu fui lá, e tava fedendo muito na lateral do muro”, conta.

A reportagem do Linha Popular entrou em contato com a prefeitura de Camboriú que informou que conforme prevê a lei municipal 1.700/2006, eles retiram os ossos e encaminham para o ossário com identificação quando há abandono do jazigo pelo período de três anos, mas que os proprietários são notificados para fazer a manutenção

Por Nicole Prado do Linha Popular
Foto: Divulgação

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