Nessa terça-feira, 9 de junho, o ex-presidente Jair Bolsonaro compareceu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para prestar depoimento relacionado à tentativa de golpe ocorrida em 8 de janeiro de 2023.
O depoimento ocorre em um contexto de investigações que apuram as ações do ex-presidente e seu envolvimento em uma suposta trama contra a democracia brasileira.
Durante seu depoimento, Bolsonaro começou a construir uma narrativa que remete à desconfiança nas urnas eletrônicas, afirmando que desde 2021 ele e seu grupo começaram a disseminar a ideia de que as urnas não eram confiáveis. Essa narrativa, segundo os investigadores, foi um dos fatores que culminaram nos eventos do dia 8 de janeiro, quando manifestantes invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília.
O ex-presidente expressou um inconformismo profundo com sua derrota nas eleições de 2022 para Luiz Inácio Lula da Silva. Ele relatou ao ministro Alexandre de Moraes que “é difícil perder uma eleição” e que sentiu a ausência de apoio, exceto dos militares. Em suas palavras, ele admitiu que teve que “entubar” a situação após o resultado das eleições, utilizando uma terminologia que sugere resistência à aceitação do veredicto democrático.
Bolsonaro também foi questionado sobre uma reunião com comandantes militares, na qual apresentou um projeto que não detalhou. Ele negou ter discutido prisões de ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ou a dissolução da Justiça Eleitoral, além da convocação de novas eleições. A defesa do ex-presidente argumenta que ele sempre criticou as urnas eletrônicas, mas sem afirmar categoricamente que houve fraude nas eleições.
No depoimento, ficou claro que Bolsonaro tentava se distanciar das acusações mais graves. Ele mencionou críticas feitas por outros políticos às urnas, como Carlos Lupi e do Ministro Flávio Dino, mas evitou aprofundar-se em questões que poderiam incriminá-lo ainda mais. Ao longo do depoimento, seu inconformismo era evidente, mas ele não apresentou provas concretas para sustentar suas alegações de fraude.
Um ponto crucial discutido durante o depoimento foi a apresentação de uma minuta que poderia ter embasado uma tentativa de golpe. Essa minuta continha “considerandos” jurídicos que poderiam justificar ações antidemocráticas. Caso tivesse sido aceita por todos os envolvidos na reunião militar, poderia ter levado à ruptura constitucional no Brasil.
A situação é complexa e reflete um momento delicado na política brasileira. O ex-presidente continua a ser investigado por suas ações e declarações após as eleições e sua postura durante o período turbulento pós-eleitoral. O resultado desse processo pode ter implicações significativas para o futuro político do país e para a preservação da democracia brasileira
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