Carlos Moisés, que fez carreira no Corpo de Bombeiros, é criticado por fazer gestão mais ao centro.
Santa Carina — Decidido a permanecer no PSL mesmo com a saída do presidente Jair Bolsonaro , o governador de Santa Catarina, Comandante Moisés , vem travando desde o início de seu mandato uma batalha com setores da sigla no estado. Parlamentares o acusam de ter usado as pautas bolsonaristas para se eleger e, após tomar posse, fazer uma gestão mais ao próxima ao centro político. Assim como o presidente da República viu a bancada federal do PSL rachar, Moisés enfrenta oposição de seus próprios correligionários na Assembleia Legislativa de Santa Catarina ( Alesc ).
A bancada estadual do PSL deverá ser fortemente reduzida quando Bolsonaro oficializar a criação de seu partido, a Aliança pelo Brasil . A expectativa é que quatro dos seis deputados estaduais do partido em Santa Catarina sigam o presidente. A maioria dos deputados federais catarinenses do PSL tem a mesma intenção.
Na quarta, a vice-governadora Daniela Cristina Reinehr divulgou uma nota manifestando seu interesse em migrar para a Aliança pelo Brasil, em um movimento dissociado do governador. “Viemos até aqui com o presidente e assim permanecerei”, afirma.
Pedidos de expulsão
Assim como Bolsonaro, Moisés tem origem militar. Fez carreira no Corpo de Bombeiros e ingressou na política no ano passado, às vésperas da eleição. O PSL foi o seu primeiro partido. Santa Catarina é o estado em que o Bolsonaro teve o seu melhor desempenho no primeiro turno, com 66% dos votos válidos.
Atitudes do governador, como receber parlamentares do PT e representantes do MST na sede do governo, desagradaram a parte dos deputados estaduais do PSL. Moisés também não se mostrou disposto a levar adiante o projeto Escola Sem Partido , uma das bandeiras do bolsonarismo em 2018. E sofreu ataques por ter retirado a isenção de ICMS de agrotóxicos para beneficiar produtos orgânicos. No fim de outubro, a deputada estadual Ana Campagnolo, integrante da bancada do PSL e crítica ao governador, o acusou em pronunciamento na Alesc de ter sido eleito “por se dizer alinhado com Bolsonaro”, mas ter se afastado dessas ideias.
— Bolsonaro tem um estilo. Quem votou em um governador do PSL esperava as mesmas atitudes, a mesma pegada. E aqui ele (Moisés) é bem diferente — acusa o deputado estadual Jessé Lopes (PSL). — Todos que são novos na política, como ele, foram eleitos por causa dessa onda (bolsonarista). É muita arrogância acreditar que foi por méritos próprios.
Lopes, que apresentou requerimento por informações sobre gastos de manutenção da residência oficial do governador, e Ana Campagnolo foram alvos de pedidos de expulsão do PSL em razão das críticas ao governo. O deputado acusa Moisés de estar por trás do pedido e diz que ele mostra ingratidão com Bolsonaro. O PSL catarinense é presidido por Lucas Esmeraldino, secretário de Desenvolvimento Econômico do governo Moisés.
Assim como aconteceu na Câmara dos Deputados, o líder do PSL na Alesc também foi trocado no mês passado. Os quatro parlamentares críticos ao governador destituíram do posto Ricardo Alba, aliado de Moisés, e colocaram Sargento Lima, da ala opositora, após um jantar com Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
— Nossas pautas ideológicas muitas vezes não são observadas por ele (Moiséis), tanto em questões econômicas como conservadoras — diz o novo líder.
Sergio Roxo – G1

WhatsApp ‘996216941’
Desde 01/07/2019 o presidente do PSL de SC é o deputado federal Fábio Schiochet. Lucas Esmeraldino atualmente é secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável