Camboriú: o eterno problema dos alagamentos

A cada chuva o filme se repete: bastam alguns minutos para as inundações provocarem vários estragos em diversos pontos da cidade. Todos os bairros foram afetados. Ao todo, 108 ruas foram atingidas gravemente e outras 73 afetadas com menor intensidade. Mais de 2 mil moradores foram atingidos por inundações e deslizamentos de terra. O Prefeito emitiu decreto de emergência por conta da situação.

Em alguns locais, os problemas de alagamento são crônicos e exigem uma ação imediata: são as ruas das baixadas e pontos que já são velhos conhecidos tanto da população como daqueles que, em época de campanha, os utilizavam para ilustrar discursos inflamados.

No Monte Alegre, o ponto principal de alagamento é a baixada, logo na entrada do bairro. Monte Alto, Monte Acaraí, Monte Dedos de Deus, Monte Everest, Frade Macaé e Monte Agulhas Negras também são pontos críticos. Todas as águas do bairro e, até mesmo, de porções do território que correspondem à Balneário Camboriú; se acumulam e causam prejuízo a diversas famílias. Nas ruas Monte Pedra Açú, próximo ao Komprão; e na rua Monte Lucânia, o problema é o mesmo: tubulação antiga, pequena e entupida.

No Taboleiro, os moradores da rua Tajubá não sabem mais a quem reclamar. A cada chuva, os prejuízos e a rotina afetada são os mesmos, nas moradias localizadas na baixada: “Já nem gosto de falar, por que é sempre a mesma coisa. Eu e meus vizinhos, já perdemos tudo, por várias vezes. A gente pede e ninguém faz nada”, desabafa a dona de casa Maria de Lourdes Angoletti.

No Jardim Bela Vista (Bacia), a água alcançou pontos que nunca havia atingido antes e, segundo os moradores, o problema deve-se à falta de manutenção e limpeza de uma vala que fica no terreno de frente ao C.E.I Tania Regina Garcia.

No Cedro, as duas ruas mais atingidas foram a João Justiniano Silva, que faz divisa com a prefeitura; e a Daniel Silvério. Os moradores chegaram a quebrar um muro pertencente ao conjunto habitacional Florestan Fernandes (de propriedade da Caixa Econômica Federal) que represava ainda mais a água das enxurradas. No local, muitas famílias perderam tudo e somente a construção de uma galeria, ligando a Daniel Silvério ao Rio do Cedro, poderia amenizar o problema. Uma Associação de Moradores está sendo montada para buscar soluções para a comunidade.

Na rua Lauro Rebelo, no Centro, houve o deslizamento de terra de uma encosta que atingiu a lateral da casa da senhora Cimoni Colombi, cuja família ficou uma semana esperando a boa vontade da Defesa Civil em tomar providências. O vereador John Lenon (PSDB) teve que ligar para o prefeito e para a Defesa Civil para que a família recesse a devida assistência. “Passamos momentos de muita tensão, sem saber o que fazer. Foi um descaso, pois o secretário da Defesa Civil não atendia o telefone. Tememos o pior”, conta a dona de casa, Cimoni, ainda assustada, pois o barro havia começado a adentrar sua casa.

Já a rua Santa Madalena ficou intransitável e diversas ruas do bairro São Francisco de Assis ficaram tomadas pelo barro. Moradores reclamaram da demora da prefeitura em limpar e melhorar o acesso.

E a prefeitura, em meio a tudo isso?

A prefeitura, por sua vez, mobilizou suas equipes (que são poucas) para realizar a limpeza das ruas e avenidas. A demora ainda preocupa a população, mas o trabalho de limpeza e manutenção vem sendo feito.

O prefeito de Camboriú, Elcio Rogério Kuhnen, decretou Situação de Emergência após levantamento da Defesa Civil sobre os danos e perdas causados para a população. Mais de 2 mil moradores atingidos pelas inundações e deslizamentos de terra foram entrevistados pela equipe do Município entre a sexta-feira e o sábado – dias 12 e 13. Se o decreto for homologado pela Defesa Civil Estadual, pessoas atingidas poderão sacar o FGTS e o município irá receber ajuda humanitária do Governo do Estado.

De acordo com o secretário de Proteção e Defesa Civil, Flávio Geraldo, com o decreto homologado, a prefeitura pode tomar medidas mais rápidas para recuperação dos danos que a chuva provocou, além de receber a referida ajuda humanitária do governo estadual. Somente com a homologação será possível que os moradores atingidos façam o saque do FGTS.

Quem deseja contribuir com doações para as famílias atingidas, também pode entregar alimentos não perecíveis, roupas de verão, roupas de cama, colchões e produtos de limpeza junto à Secretaria de Desenvolvimento e Assistência Social. O endereço para entrega é a Rua Presidente Costa e Silva, n° 329, no Centro. As doações são recebidas de segunda a sexta-feira, das 12 às 18 horas, no local.

A manutenção dos estragos e a limpeza ainda não foram concluídas e, segundo o sub-secretário de Obras, Dirceu Pires, ainda vai levar alguns dia para ficar tudo pronto. A prefeitura chegou a contar com o apoio de voluntários, com membros da Associação de Moradores do Monte Alegre e dos vereadores do bairros (Vilson Albino, do PV e Betinho do Carvão, do DEM), que ajudaram a retirar móveis das ruas do Monte Alegre.

O que ficou de lição acerca disso é que, passa ano e entra ano, não se consolida um projeto para resolver o problema dos alagamentos. O poder público precisa agir rápido e, pelo menos, limpar as bocas de lobo e bueiros entupidos na cidade.

Para piorar, os entulhos recolhidos da enchente estão amontoados na Secretaria de Obras de Camboriú

Estivemos, junto do vereador John Lenon (PSDB), na Secretaria de Obras de Camboriú para verificar o destino dado aos entulhos recolhidos durante a limpeza das vias, após as fortes chuvas.

Móveis, eletrodomésticos, roupas e colchões estão depositados na garagem da secretaria. “Este não é o local adequado para descarte desses materiais, sem falar no transtorno que gera à comunidade, como a proliferação de animais e doenças”, destacou o vereador.

A presidente da Fundação do Meio Ambiente (FUCAM), Liara Rotta Padilha, garantiu que até segunda-feira (22) todos os materiais terão o destino correto, respeitando as normas ambientais.

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