Um homem morreu na noite desse sábado (9/7) em Foz do Iguaçu, cidade do Paraná, durante uma festa de aniversário temática do Partido dos Trabalhadores (PT). O aniversariante Marcelo Arruda comemorava os 50 anos quando Jorge José da Rocha Guaranho, apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL) e agente penitenciário, invadiu o local com uma arma e o assassinou.
Arruda era guarda municipal, diretor do Sindicato dos Servidores Municipais de Foz (Sismufi) e tesoureiro do PT municipal. Ele comemorava o aniversário na sede da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu, quando Guaranho passou de carro e começou a entoar gritos de apoio a Bolsonaro e contra Lula (PT) – ambos pré-candidatos à Presidência da República nas eleições de outubro de 2022.
Segundo uma testemunha, Guaranho estava com uma mulher e um bebê no carro e apontou a arma em direção à festa. “Nós estávamos na festa, que era temática do PT. Isso por volta das 11h30 (23h30), 11 horas, apareceu um cara, que não era convidado e que ninguém conhece, veio com um carro até a frente e começou a gritar dentro do carro:
‘É o Bolsonaro, seus filhas da puta, seus desgraçados! É o mito!’. Começou a gritar coisa do Bolsonaro, de dentro do carro”, diz.
“Nisso, o Marcelo foi até a frente assim, achando que era um convidado. Aí o cara tirou uma arma para fora, pela janela, aponta para o Marcelo, aponta para todo mundo. O Marcelo vê que o negócio é sério. Ele estava com um copo de chope na mão e joga na cara do cara e se esconde. Tenta se proteger da linha de tiro. O cara estava com uma mulher e um bebê dentro do carro. A mulher dele começou a gritar com ele:
‘Para com isso! Vamos embora!’. O cara começa a ir para frente e fala assim: ‘Eu vou voltar e vou matar todos vocês, seus desgraçados!’. Ninguém acreditou, né?”, complementou a testemunha.
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%u2014 Estado de Minas (@em_com) July 10, 2022
“Aí, os dois se apontaram, O Marcelo falando que era polícia. Nisso, o cara deu um tiro na perna do Marcelo, o Marcelo caiu. Aí o cara chegou em cima do Marcelo e deu outro tiro para executar o Marcelo, e o Marcelo conseguiu se virar e deu cinco tiros no cara. Se não fosse isso, o cara tinha feito uma chacina lá na festa”, completou a testemunha.
PT e Lula lamentam
O Partido dos Trabalhadores (PT) lamentou o ocorrido por meio de nota, emitida neste domingo (10). “Mais um querido companheiro se foi nessa madrugada, vítima da intolerância, do ódio e da violência política. Em plena celebração de seu aniversário, em que comemorava seus 50 anos com familiares, amigos e companheiros, em Foz do Iguaçu, PR, nosso Marcelo Arruda foi assassinado por um bolsonarista que, pouco antes, havia interrompido a festa e ameaçado de armas na mão a todos os presentes, familiares, amigos, companheiros ali reunidos”. “Marcelo era guarda municipal e um grande militante do PT, tendo sido nosso candidato a vice-prefeito em Foz do Iguaçu nas eleições de 2020. As últimas imagens de sua vida, gravadas no momento em que cantavam o parabéns, registram sua alegria de viver, seu entusiasmo com a militância, seu compromisso de vida com o PT e o presidente Lula”, também afirma a legenda.
Lula também comentou o caso, via redes sociais. “Uma pessoa, por intolerância, ameaçou e depois atirou nele, que se defendeu e evitou uma tragédia maior. Duas famílias perderam seus pais. Filhos ficaram órfãos, inclusive os do agressor. Meus sentimentos e solidariedade aos familiares, amigos e companheiros de Marcelo Arruda.”, escreveu o ex-presidente no Twitter, antes da informação de que o bolsonarista sobreviveu.
Jair Bolsonaro reclamou, em conversa no cercadinho na manhã desta segunda-feira (11), do fato de que o assassino de Marcelo Arruda, um tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu, no final de semana, é seu apoiador.O presidente ainda citou Adélio Bispo, o autor da facada que sofreu durante a campanha presidencial de 2018, e minimizou o assassinato.
“Vocês viram o que aconteceu ontem, né, a briga de duas pessoas lá em Foz do Iguaçu? Bolsonarista, não sei o que lá… Agora, ninguém fala que o Adélio era filiado ao PSOL, né?”, disse Bolsonaro.Segundo o boletim de ocorrência, o atirador, Jorge Guaranho,gritou “aqui é Bolsonaro” antes de efetuar os disparos contra o tesoureiro do PT.
“Dispensamos qualquer tipo de apoio de quem pratica violência contra opositores. A esse tipo de gente, peço que por coerência mude de lado e apoie a esquerda, que acumula um histórico inegável de episódios violentos. É o lado de lá que dá facada, que cospe, que destrói patrimônio, que solta rojão em cinegrafista, que protege terroristas internacionais, que desumaniza pessoas com rótulos e pede fogo nelas”, escreveu o presidente.
Nas redes sociais, Guaranho demonstrava apoio ao presidente e às pautas defendidas pelo governo
Marcelo deixa quatro filhos, o mais novo com 1 mês de vida.
Corpo de tesoureiro do PT morto por apoiador de Bolsonaro é velado, em Foz do Iguaçu — Foto: William Brisida/RPC