Em um desdobramento surpreendente da investigação que envolve o ex-ministro do Turismo, Gilson Machado, Mauro Cid, ex-assessor de Jair Bolsonaro, teve sua prisão decretada e rapidamente revogada. As decisões ocorreram em meio a uma apuração sobre tentativas de obter um passaporte português para Cid, o que levantou suspeitas sobre uma possível fuga do Brasil.
CID NEGA TENTATIVA DE FUGA
Durante seu depoimento à Polícia Federal, Cid negou qualquer intenção de escapar com sua família para os Estados Unidos e se distanciou das mensagens que circularam nas redes sociais, afirmando não ser o responsável por elas. No entanto, o ponto mais alarmante foi a acusação direta contra Bolsonaro.
“Cid alegou que o ex-presidente teria manipulado as mensagens extraídas de seu celular, editando trechos e omitindo contextos com a intenção de criar uma narrativa que o beneficiasse.”
Essa suposta adulteração teria sido divulgada publicamente para desacreditar a investigação e confundir tanto a opinião pública quanto o Supremo Tribunal Federal (STF), visando anular o acordo de delação premiada de Cid.
A defesa de Cid argumenta que essa manobra caracteriza uma tentativa deliberada de induzir erro no processo penal, configurando fraude processual conforme o artigo 347 do Código Penal. Em suma, Cid defende que Bolsonaro não apenas participou da trama golpista, mas também buscou forjar provas para se proteger das consequências legais.
A investigação começou em maio, quando a Polícia Federal descobriu que Gilson Machado havia procurado o consulado de Portugal em Recife para facilitar a obtenção do passaporte português para Mauro Cid. A suspeita é que essa ação visasse possibilitar a saída do militar do país antes de uma possível condenação. Em 2023, Cid já havia obtido cidadania portuguesa e, em 2024, recebeu sua carteira de identidade portuguesa; no entanto, ainda não possuía um passaporte.
Em um desdobramento adicional da investigação, foi confirmado que quatro parentes de Cid — pai, mãe, esposa e uma filha — embarcaram para os Estados Unidos no dia 30 de maio. A Procuradoria Geral da República (PGR) expressou preocupação com as tentativas de obstrução da investigação por parte de Machado e indicou que ele poderia ter buscado passaportes em outros consulados para garantir que Cid não enfrentasse as consequências legais por suas ações.

A operação da Polícia Federal faz parte de uma apuração mais ampla sobre uma suposta tentativa de Mauro Cid em obter cidadania portuguesa com o intuito de deixar o Brasil. Gilson Machado já havia sido preso na mesma operação por suas ações consideradas como favorecimento pessoal e obstrução da investigação envolvendo uma organização criminosa.

As próximas etapas dessa investigação prometem trazer ainda mais esclarecimentos sobre as alegações feitas por Mauro Cid e os envolvidos nesse complexo caso político.