A espera de quase três anos finalmente chegou ao fim para Céu Albuquerque, uma pernambucana que conseguiu o reconhecimento oficial da sua condição de intersexo na certidão de nascimento. O processo judicial teve início em julho deste ano e foi concluído no dia 7 de março de 2024, com a expedição do documento corrigido.
Fonte: Agência Brasil
Céu é jornalista e ativista, e é a primeira pessoa no país a conquistar esse reconhecimento oficial de acordo com a Associação Brasileira Intersexo (Abrai). A condição de intersexo se refere a indivíduos que não se encaixam nos padrões binários de homem ou mulher, seja por características biológicas ou genéticas.
No caso de Céu, ela possui hiperplasia adrenal congênita, uma condição genética que afeta a produção de cortisol e influencia o desenvolvimento sexual, bem como a formação dos órgãos genitais externos. Ao nascer, Céu tinha uma genitália ambígua e foi submetida a uma cirurgia de redesignação sexual, considerada pela comunidade intersexo como uma forma de mutilação.
Após realizar um teste genético, Céu foi registrada como do sexo feminino. No entanto, agora, com o reconhecimento oficial de sua condição de intersexo, a pernambucana conseguiu corrigir seu registro de nascimento, refletindo sua identidade de acordo com sua realidade biológica.
Esse marco histórico representa um avanço importante para a comunidade intersexo no Brasil, que luta por visibilidade, respeito e direitos iguais. A conquista de Céu Albuquerque pode servir como precedente para outras pessoas intersexo buscarem o mesmo reconhecimento jurídico e combaterem a discriminação e o desconhecimento que ainda existem em relação a essa condição.
É fundamental que a sociedade como um todo se informe e compreenda melhor as realidades das pessoas intersexo, para que possamos construir um mundo mais inclusivo e respeitoso, onde todas as identidades e experiências sejam valorizadas e reconhecidas.
A retificação do registro é para a ativista uma conquista de toda a comunidade intersexo.
“O resultado deste processo era muito aguardado, não apenas como uma realização pessoal, mas também como um marco significativo para toda a comunidade intersexo em geral. Muitas vezes, uma conquista coletiva é o fruto de uma luta individual, e essa batalha foi travada por meio de mim, com a esperança de um futuro melhor para essas crianças”, acrescentou a jornalista.