Brasil condena ataques de Israel e EUA a instalações no Irã

Fonte: Ana Cristina Campos – Repórter da Agência Brasil

Publicado em 23/06/2025

O governo brasileiro expressou grave preocupação em relação à escalada militar no Oriente Médio, condenando “com veemência” os recentes ataques de Israel e dos Estados Unidos a instalações nucleares no Irã. Em uma nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores na tarde deste domingo (22), o Brasil destacou que tais ações são uma violação da soberania iraniana e do direito internacional.

“Qualquer ataque armado a instalações nucleares representa flagrante transgressão da Carta das Nações Unidas e de normas da Agência Internacional de Energia Atômica. Ações armadas contra essas instalações representam uma grave ameaça à vida e à saúde de populações civis, expondo-as ao risco de contaminação radioativa e desastres ambientais de larga escala”, afirma o comunicado do Itamaraty.

O governo brasileiro reafirmou sua posição histórica em favor do uso exclusivo da energia nuclear para fins pacíficos, rejeitando “com firmeza” qualquer forma de proliferação nuclear, especialmente em regiões marcadas pela instabilidade geopolítica, como o Oriente Médio. Além disso, o Brasil também repudia ataques recíprocos contra áreas densamente povoadas, que têm resultado em um aumento significativo no número de vítimas e danos à infraestrutura civil, incluindo hospitais, que são especialmente protegidos pelo direito internacional humanitário.

O Itamaraty exortou todas as partes envolvidas no conflito a exercerem máxima contenção e ressaltou a urgência de uma solução diplomática para interromper o ciclo de violência. “As consequências negativas da atual escalada militar podem gerar danos irreversíveis para a paz e a estabilidade na região e no mundo, além de comprometer o regime de não proliferação e desarmamento nuclear”, completou a nota.

**Contexto do Conflito**

A tensão no Oriente Médio aumentou significativamente após Israel lançar um ataque surpresa contra o Irã no último dia 13, acusando o país de estar próximo de desenvolver uma arma nuclear. Em seguida, no dia 21, os Estados Unidos realizaram ataques a três usinas nucleares iranianas: Fordow, Natanz e Esfahan.

O governo iraniano defende que seu programa nuclear é voltado apenas para fins pacíficos e aponta que estava em meio a negociações com os Estados Unidos para garantir o cumprimento do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, do qual é signatário. No entanto, a AIEA vinha acusando o Irã de não cumprir todas as suas obrigações, embora tenha reconhecido não ter provas concretas sobre a construção de uma bomba atômica.

Foto divulgação

O Irã também acusou a agência internacional de agir “politicamente motivada”, sob influência das potências ocidentais como EUA, França e Grã-Bretanha, que têm apoiado Israel na guerra contra Teerã. Em março deste ano, fontes da Inteligência dos Estados Unidos afirmaram que o Irã não estava construindo armas nucleares, informação que agora é questionada pelo presidente Donald Trump.

Embora Israel continue a rejeitar qualquer possibilidade de que Teerã possua armas nucleares, diversas fontes ao longo da história indicam que o país mantém um amplo programa nuclear secreto desde a década de 1950, com estimativas apontando para pelo menos 90 ogivas atômicas desenvolvidas.

O cenário continua tenso e as repercussões dos ataques recentes ainda estão por ser plenamente avaliadas pela comunidade internacional. O Brasil se posiciona como defensor do diálogo e da paz em meio à crescente agitação na região.

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