São Paulo – Um grave surto de intoxicação por metanol tem deixado autoridades em alerta e ceifado vidas em São Paulo. O advogado Marcelo Macedo Lombardi, de 45 anos, é uma das vítimas confirmadas que faleceu após consumir bebidas alcoólicas adulteradas contendo a substância altamente tóxica. Segundo informações divulgadas pelo G1, o advogado sofreu falência múltipla de órgãos, consequência direta da contaminação.
A família de Marcelo relatou que ele acordou desorientado e com perda de visão, sendo levado às pressas para o hospital. Seu quadro de saúde deteriorou-se rapidamente, culminando em parada cardiorrespiratória.
“Perdemos a nossa base. Ele era o pilar da família”, desabafou a irmã de Marcelo, Fernanda Lombardi, também advogada. O corpo do advogado foi sepultado em Santo André na terça-feira (30).
Até a noite de segunda-feira (29), o Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo (CVS-SP) registrava seis casos confirmados de intoxicação por metanol, com outros dez em investigação. O número de óbitos confirmados já chega a cinco, e a Polícia Federal abriu inquérito para apurar o aumento desses casos. A principal suspeita é que as vítimas tenham consumido bebidas alcoólicas adulteradas, adquiridas em estabelecimentos de consumo social.
O que é o metanol?
O metanol é um álcool incolor e inflamável, similar ao etanol (o álcool comum em bebidas), mas com uma diferença crucial: é extremamente tóxico para o corpo humano. Ao ser metabolizado, ele se transforma em ácido fórmico, uma substância que envenena as células e pode causar danos severos ao fígado, sistema nervoso central e nervo óptico. Seu uso é restrito à indústria, sendo empregado na fabricação de solventes, plásticos, tintas e biodiesel. O consumo humano, mesmo em pequenas quantidades, é perigoso.
Reação das autoridades e fiscalização intensificada
Em resposta à crise, o Ministério da Justiça e Segurança Pública emitiu uma nota técnica com orientações urgentes para bares, restaurantes, casas noturnas, mercados e distribuidores. As recomendações incluem a interrupção imediata da venda de lotes suspeitos, a preservação de amostras para perícia, o encaminhamento de consumidores sintomáticos para atendimento médico de urgência e a comunicação às autoridades competentes, como Anvisa, Procon, Polícia Civil e Vigilância Sanitária.
Na terça-feira (30), a Vigilância Sanitária e a Polícia Civil de São Paulo fecharam dois bares na capital paulista, o “Ministrão” (nos Jardins) e o “Torres” (na Mooca), onde vítimas teriam consumido as bebidas contaminadas. Durante as fiscalizações, foram apreendidas garrafas de bebidas sem rótulos.
As investigações apontam que os casos, que incluem perda de visão, convulsões, problemas renais e AVC, estão ligados ao consumo de diferentes tipos de bebidas, como gim, uísque e vodca, adquiridas em bares e adegas. Ainda se apura se o metanol foi adicionado a bebidas falsificadas ou se houve contaminação durante a produção.