“Pensamento Digitalizado”
*Brasília, DF – 24 de Julho de 2025 – Em depoimento crucial no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira, o general da reserva Mário Fernandes, ex-secretário executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo Jair Bolsonaro, considerado um dos mais radicais e anti-petista, admitiu ter sido o idealizador do plano conhecido como “Punhal Verde e Amarelo”, que visava o assassinato de autoridades, incluindo o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Ministro Alexandre de Moraes. No entanto, Fernandes tentou minimizar a gravidade do documento, descrevendo-o como um mero “pensamento digitalizado” e um “estudo de situação” pessoal.
Fernandes, um dos réus do núcleo 2 da trama golpista, declarou ao STF que o arquivo digital não passava de “um pensamento meu que foi digitalizado. Um compilar de dados, um estudo de situação meu, uma análise de riscos que eu fiz e por costume próprio resolvi digitalizar.” Ele negou veementemente ter apresentado o documento a qualquer outra pessoa ou tê-lo compartilhado.
“Não foi apresentado a ninguém e nem compartilhado com ninguém”, afirmou.
Apesar de confirmar ter impresso o documento, o general da reserva alegou que a impressão foi apenas para facilitar a leitura e evitar “forçar a vista”. Ele também afirmou ter rasgado o plano logo em seguida. Em seu interrogatório, Fernandes adotou um tom de deboche ao falar sobre o compartilhamento do documento, sugerindo que o conteúdo não possuía relevância prática.
Trajetória militar e envolvimento político
Mário Fernandes iniciou sua carreira militar em 1983, na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). Sua ascensão na carreira o levou à promoção a general de brigada em 2016. Entre 2018 e 2020, ele chefiou o Comando de Operações Especiais, conhecido como “kids pretos”.
Após ir para a reserva em 2020, Fernandes assumiu o cargo de secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, sob o comando do então ministro Luiz Eduardo Ramos, no governo Bolsonaro. Ele chegou a comandar a pasta interinamente e, segundo relatos, participou de reuniões no Palácio do Planalto em julho de 2022, onde foram discutidas “estratégias golpistas” para manter Bolsonaro no poder. O militar também atuou como assessor do deputado federal Eduardo Pazuello.
Relatório da PF e prisão em novembro de 2024
Um relatório da Polícia Federal aponta Mário Fernandes como um dos nomes “mais radicais” envolvidos na tentativa de golpe de Estado no país. Ele era considerado influente nos acampamentos que se formaram após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022.
Em novembro de 2024, Fernandes foi preso sob suspeita de ter elaborado o plano para assassinar autoridades. A operação da Polícia Federal que desvendou o plano, denominado “Punhal Verde e Amarelo”, revelou que o grupo, majoritariamente composto por militares das Forças Especiais do Exército, tinha como alvos o Presidente Lula, o Vice-Presidente Geraldo Alckmin e o Ministro do STF Alexandre de Moraes.