Tecnologia que transforma lodo em combustíveis é apresentada na Emasa

Objetivo é encontrar uma alternativa para a destinação do lodo, que em 2024 custou cerca de R$5 milhões ao município.

A Prefeitura de Balneário Camboriú, através da Empresa Municipal de Água e Saneamento (Emasa), conheceu na última semana uma tecnologia capaz de transformar lodo em produtos de alto valor agregado, como óleo, gás, adubo e até combustíveis como diesel e gasolina. A proposta tem perspectivas de mudar a forma de descarte dos resíduos gerados durante o tratamento de esgoto.

O método foi apresentado pela empresa gaúcha BEINTEC, que realizou uma apresentação na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da Emasa. Com uma pequena quantidade de lodo retirado da própria estação, a tecnologia conseguiu transformar o resíduo em óleo combustível, que foi posteriormente testado com a queima de uma amostra, comprovando sua pureza e potencial energético.

De acordo com a empresa responsável, o diferencial da tecnologia está no aproveitamento integral do material. A própria máquina pode ser alimentada com o óleo ou gás gerado por ela, tornando o processo autossustentável. Além dos combustíveis, o lodo também pode ser transformado em adubo de alta qualidade, devido à presença de minerais no resíduo, o que abre possibilidades de uso na agricultura.

A prefeita Juliana Pavan se disse impressionada com a tecnologia e as possibilidades apresentadas. “É do nosso interesse avançar em parcerias que possibilitem a transformação do lodo gerado pela Emasa em produtos úteis. Só em 2024, o custo com destinação do lodo para aterros sanitários se aproximou dos R$5 milhões, o que reforça a importância de buscarmos soluções economicamente viáveis e ambientalmente responsáveis”, garantiu.

O diretor-presidente da Emasa, Auri Pavoni, também destacou o potencial da nova tecnologia. “A proposta é muito promissora. Além de reduzir custos com transporte e destinação, a transformação do lodo pode gerar combustível para uso nos próprios veículos da prefeitura ou da autarquia, trazendo economia e sustentabilidade para o município”, disse.

A apresentação foi uma amostra inicial da tecnologia, que agora será analisada detalhadamente pela equipe técnica da autarquia. Ainda não há protocolos de intenção assinados entre Emasa e a empresa. O objetivo, segundo Pavoni, é avaliar todas as possibilidades apresentadas, com base em critérios técnicos, ambientais e econômicos, para elaborar um planejamento eficaz e seguro para o futuro da destinação do lodo.

Outras tecnologias

Em busca de opções para a destinação do logo, o município firmou neste mês de julho um termo de cooperação com a empresa Wastech Brasil para o desenvolvimento de uma tecnologia que transforma o lodo gerado na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) em pedra inerte. Balneário Camboriú será o primeiro município do país a participar do estudo, que também conta com acompanhamento de uma universidade paulista e poderá resultar no recebimento de royalties pelo uso da marca e pela viabilização do processo.

Hoje, a Emasa destina cerca de 20 toneladas de lodo a aterros sanitários diariamente, gerando um custo anual estimado em R$4,9 milhões. Além do impacto financeiro, o descarte representa um passivo ambiental significativo. Com a nova tecnologia, cada tonelada de lodo tratado é inicialmente reduzida a cerca de 300 quilos de pó contaminado, que, após nova etapa de tratamento, resulta em aproximadamente 30 quilos de pedra inerte e não poluente. O processo será conduzido por meio de arco de plasma, atingindo temperaturas superiores a 5 mil graus Celsius, podendo chegar a até 30 mil graus, o que garante a eliminação de poluentes e a transformação do resíduo em um material sólido, não tóxico e reutilizável.

Foto PMBC

O estudo independente que embasa o projeto vem sendo desenvolvido há 14 anos. A expectativa é que os testes técnicos de certificação do processo ocorram ao longo dos próximos meses, com monitoramento dos resultados e avaliação da possibilidade de aplicação em larga escala.

Foto PMBC

Caso a solução se consolide, Balneário Camboriú poderá se tornar referência nacional no reaproveitamento de resíduos gerados pelo tratamento de esgoto, com impactos positivos na economia, no meio ambiente e na saúde pública. Além dessa iniciativa, a Emasa tem outros termos de cooperação em andamento para garantir mais tecnologia nos serviços de água e saneamento.

Jornalista: Rafael Weiss – SC/02094-JP
FOTOS: Biel Carboni

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