56 Anos da morte de Higino João Pio; primeiro prefeito de Balneário Camboriú

Em um dia marcado por luto e reflexão, a morte de Higino João Pio, o primeiro prefeito eleito de Balneário Camboriú, completa 56 anos. O evento, que ocorreu em 3 de março de 1969, durante a ditadura militar no Brasil, ainda ecoa na memória da família e da comunidade local. Higino foi um dos dez presos políticos mortos ou desaparecidos em Santa Catarina, e sua história se entrelaça com a luta por justiça e reconhecimento das circunstâncias que cercaram sua morte.

Um líder comunitário em tempos difíceis

Higino Pio nasceu em Itapema e, antes de entrar para a política, foi um empresário de sucesso, proprietário de um hotel em Balneário Camboriú. Ele se destacou como uma figura influente na política local ao ser eleito prefeito em 1965, representando o  PSD. Sua administração foi marcada por esforços para desenvolver a cidade recém-emancipada.

Contudo, a estabilidade de sua gestão foi abruptamente interrompida quase quatro anos depois. Em 19 de fevereiro de 1969, Higino e outros servidores foram detidos sob alegações de irregularidades administrativas que nunca foram comprovadas. Para a família Pio, essa prisão foi resultado de intrigas políticas e denúncias infundadas.

O desaparecimento e a versão oficial

Após ser preso por agentes da Polícia Federal, Higino foi levado à Escola de Aprendizes Marinheiros em Florianópolis. Enquanto outros funcionários foram libertados após alguns dias, Higino permaneceu detido sem poder receber visitas. No dia do aniversário de sua esposa Amélia, ele foi encontrado morto no banheiro da prisão.

A versão militar da morte foi um suposto suicídio; no entanto, essa narrativa sempre foi contestada pela família e por especialistas. Em 2014, um novo laudo pericial reavaliou as circunstâncias da morte e concluiu que a evidência indicava homicídio por estrangulamento. A comparação feita com o caso do jornalista Vladimir Herzog sugere que a cena da morte de Higino também pode ter sido manipulada.

A luta pelo reconhecimento da verdade

Julio Cesar Pio, filho de Higino, carrega o peso dessa história familiar enquanto busca justiça para seu pai. A luta pela verdade sobre as circunstâncias da morte de Higino é uma tarefa contínua para a família, que aguarda um atestado de óbito reconhecendo oficialmente o crime.

Com o apoio da Comissão Estadual da Verdade e grupos de direitos humanos, as lembranças do passado se entrelaçam com as expectativas do futuro. A busca pela verdade não é apenas uma questão pessoal; é uma demanda coletiva por justiça em um país que ainda enfrenta os fantasmas da ditadura militar.

Jornalismo O Janelão – Fonte: NSC Total

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