PRF quer que índios saiam das margens da BR-101 onde montaram seus acampamentos

Ainda sem uma área adequada, os indígenas que vêm pra Balneário Camboriú na temporada de verão montaram acampamento às margens da BR-101, na Várzea do Ranchinho, em frente ao salão da capela São Roque e, ao lado da casa de Passagem da prefeitura. Eles esperam a prefeitura abrir o galpão da igreja, que foi alugado pra recebe-los

Os indígenas, porém, dizem que o espaço é pequeno e fica muito distante do centro, que é onde vendem seus artesanatos. O caso foi discutido na tarde dessa última quarta feira em reunião no ministério Público Federal (MPF), em Itajaí.

Cerca de 150 índios estão no acampamento, que começou a ser montado na segunda feira. Mais três ônibus de indígenas estão pra chegar, formando um grupo em torno de 400 pessoas. São pelo menos 120 crianças.
A maior parte são famílias da aldeia Kaingang, de Iraí, no Rio Grande do Sul, mas há também outras tribos do interior de Santa Catarina. O grupo costumava ficar num terreno da Udesc no bairro Nova Esperança, mas foi despejado por conta das obras de ampliação da universidade.

De acordo com Ilinir Roberto Jacinto, liderança indígena que é porta-voz do grupo, a discussão de uma nova área vem desde agosto. Ele reclama que a temporada chegou e, mesmo após diversas reuniões, o município ainda não viabilizou um local adequado. “Tiraram nós de lá [Udesc] e nos deixaram na rua. Confiamos na prefeitura, mas ficamos na rua”, acusa.
Na reunião de ontem, os líderes indígenas saíram com a promessa de que o salão seria aberto até sexta-feira. “Mas o lugar da capela é pequeno pro nosso grupo”, diz Ilinir. O salão pode abrigar de 120 a 150 pessoas.
Mesmo sendo um espaço insuficiente, Ilinir contou que a prefeitura não propôs outro espaço. A questão gera um impasse porque o grupo não aceita se dividir. Ele adianta que, se um local adequado não for oferecido, as famílias serão abrigadas abaixo dos viadutos. “É uma situação de risco pra comunidade indígena”, avalia Ilinir, criticando o município. “Mas estamos abertos ao diálogo”, completa.

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A polícia Rodoviária Federal esteve no acampamento recomendando que os índios não fiquem no local por questão de segurança. Durante todos os dia, houve lentidão no trecho por conta dos veículos que reduzem a velocidade pra ver o que tá ocorrendo.

As barracas pegam parte da faixa de domínio da rodovia e há preocupação com acidentes envolvendo as crianças. “Eles [patrulheiros] falaram que aqui é muito perigoso”, disse Valdir Loureiro, um dos líderes das famílias. “Pra gente seria melhor um lugar mais perto da cidade”, comenta.
Apenas dois banheiros químicos foram colocados pela prefeitura.

Roberto Pereira de Faria, o diretor geral da secretaria de Inclusão Social de BC, diz que o salão da capela deve ser aberto já hoje à tarde. Ele diz que esperava pela liberação da chave, que dependia de um padre que tava num retiro espiritual.

O galpão vai ganhar contêineres de lixo e dois banheiros, além dos dois que já estão disponíveis. A casa de Passagem vai dar apoio com água e banho. Um ônibus fará o transporte das famílias para o centro, de manhã e à tarde, explica Roberto.

O diretor da Inclusão Social diz que não houve orientação da prefeitura pras famílias acamparem às margens da BR. “Eles vieram por conta própria”, afirma. Segundo explica, os índios chegaram antes do dia 15, que era a data acertada, e numa quantidade maior que a prevista. A questão foi discutida ontem na reunião com o MPF.

Roberto confirma que no salão cabem, no máximo, 150 pessoas. Ele informa que tá sendo estudada uma segunda opção, mas que por enquanto não existe alternativa.

Roberto Perin, chefe do serviço de Promoção dos Direitos Sociais e Cidadania (Sedisc), da Funai, esteve na reunião e acompanha o caso. Ele informa que são esperados 400 índios e que o município precisa achar um meio de alojar as famílias.

“Eles só tão aqui [no acampamento] porque não tem espaço de hospedagem”, disse.

O comércio de artesanato é o principal trabalho dos índios na temporada de verão. A reunião no MPF discutiu a liberação dos pontos de venda na região central de Balneário. As lideranças indígenas reclamam que a prefeitura quer proibir as vendas na avenida Brasil, jogando as famílias pras locais afastados.

De acordo com Roberto Ferreira de Faria, a restrição é apenas no “miolo” da avenida Brasil, perto do shopping Atlântico. Ele destaca que são pelo menos oito pontos liberados ao longo da Brasil. No total estão autorizados cerca de 35 pontos, no centro, praças e praias.

Via Paulo Roberto Silva

EM BC:OS ÍNDIOS CHEGARAM, A PRF QUER QUE ELES SAIAM DAS MARGENS DA BR 101 ONDE MONTARAM SEUS ACAMPAMENTOS, MAS A…

Publicado por Repórter Paulo Roberto em Quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

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