Igreja com 100 anos é demolida em Balneário Piçarras

Igreja dedicada a São Roque e Nossa Senhora do Caravaggio foi derrubada por donos do imóvel em Balneário Piçarras.

Demolição da fachada da centenária igreja causou revolta e comoção na comunidade de Piçarras (foto: Divulgação/Rede Marazul)

A demolição da fachada da centenária igreja dedicada a São Roque e a Nossa Senhora do Caravaggio, no interior de Balneário Piçarras, causou revolta e comoção na comunidade  nesta quarta-feira, dia 14 de setembro. A igreja – cuja comunidade está celebrando 100 anos neste 2022 – foi demolida pelos proprietários da área, na localidade de Rio Novo. Vídeos gravados no momento da derrubada revelaram o desespero da professora Elizabete Tamanini, que é defensora da preservação do imóvel.

A igreja, mesmo em ruínas, era importante patrimônio do interior piçarrense, e os proprietários do imóvel, anos atrás, doaram uma área de terras para a construção do novo templo católico. Mas eles já estavam há tempos cogitando a demolição da igreja antiga.

No vídeo, desesperada, Elizabete e outra moradora, não identificada, gritam e choram. “Deixa isso aqui”, grita Elizabete, enquanto a outra moradora, chorando, implora: “vocês não tinham que fazer isso, pelo amor de Deus”. Ela ainda reforça: “Nós nascemos aqui, é nosso”, referindo-se à igreja. “Vocês vão pagar muito caro”.

Ao fundo, um homem não identificado parece ser o proprietário. “Eu paguei imposto, é nosso terreno aqui”, ele responde, enquanto a máquina demolia tudo. “Sai daí, meu Deus”, diz ele, alertando moradores próximos da máquina. “Isso aqui é uma terra santa, ninguém tinha o direito de fazer isso, é muito chato isso que vocês estão fazendo”, pontua a moradora. Os proprietários seriam uma família também do interior da cidade.

A professora, em entrevista à Rádio Marazul, de Piçarras, disse estar “arrasada”. “Eu vi passar o trator em cima de 100 anos da nossa história. Uma comunidade pequena, agricultora, que sempre esteve longe das políticas públicas, honrava sua igreja, mas não conseguiu proteger por falta de recursos”, considerou. “Estamos há anos lutando para preservar esse patrimônio histórico, para fazer um santuário aqui”, completou.

A intenção de moradores como a própria Elizabete e também Moacir Furlani e Anselmo Serafim, entre outros, era encaminhar o projeto falando sobre os imigrantes poloneses, italianos, indígenas, e já estavam sendo envolvidas as escolas nesse centenário da comunidade. Desde agosto, a exposição sobre a localidade conta com itens expostos na Igreja São Roque, abertos para a comunidade. Maria da Glória Furlani, também do Rio Novo, colaborou na elaboração do acervo.

A comunidade não sabe ao certo se a construção tinha exatos 100 anos, mas a comunidade do Rio Novo foi fundada em 1922, integrada aos bairros de mesmo nome no interior de Luís Alves e também de Barra Velha. Segundo Moacir, “um pedaço do seu coração” ficou nas ruínas deixadas pelo maquinário que a derrubou.

“Não houve tempo”

A Fundação Cultural ressaltou que havia iniciado tratativas para a preservação do imóvel, mas não houve tempo hábil de dialogar com os donos, que teriam desde o início demostrado não querer permutar um imóvel pela área da igreja. A presidente da fundação, Iria Quintino, chegou a visitar o local semanas atrás.

Fonte: O Diarinho

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