Imaginando as consequências da eleição deste ano.
A escolha do presidente nos encaminhará para uma encruzilhada, qualquer que seja o resultado. Se prevalecer o sentimento das pesquisas, Jair Bolsonaro estará no segundo turno com alguém da esquerda. Porém, não descartaríamos Geraldo Alckmin, apesar dos seus índices. Ele talvez acabe sendo uma opção de centro, por incrível que isso possa parecer. Pela natural força de São Paulo e do PSDB. Muitos consideram o PSDB um partido de esquerda, todavia suas práticas não o são e muito menos as de Alckmin. Ele é, por exemplo, o inverso de FHC, pois não convive com os personagens da esquerda radical, como o ex-presidente.
Ainda há um turbilhão de coisas acontecendo e ainda por acontecer no cenário político-eleitoral, até o momento da oficialização das candidaturas. Sem brincar, até Lula pode ser viabilizado, se considerarmos as maluquices de um STF, poder acima de tudo e de todos, até da Constituição, com cujo papel limpam o traseiro através de suas decisões esdrúxulas, como a de considerar inconstitucional a condução coercitiva, procedimento constante de nossas Cartas Magnas desde 1941. Uma vez perguntaram a Getúlio como ele considerava seu ministério. E ele disse: metade é capaz de tudo e metade não é capaz de nada. Assim é o nosso STF. Rigorosamente.
Se a escolha recair sobre Bolsonarao, viveremos as incertezas de praxe, advindas da assunção de um presidente sem base política, infenso a negociações e conversas de diplomacia política convencional, com ranços autoritários, até. Vai bater de frente com o establishment e muito provavelmente vai se ferrar. Seus adeptos imaginam que ele, se sentir ameaça ou pressão, invoque as Forças Armadas e dê o golpe, impondo um governo forte. Sonhar não é proibido. Falta consultar as FA. Muitos alegam que ele representará a mudança necessária, quem sabe elaborando um conjunto de leis reformistas que deem maior estabilidade política ao país – redividindo o bolo tributário, instituindo novas diretrizes políticas ao sistema e emancipando áreas da economia que estão represadas e engessadas na administração central. Nada que outro nome eleito não possa fazer, se não tiver a marca da irresponsabilidade, como demonstraram Dilma e Lula ou até Temer, enredados em contradições homéricas na condução dos governos que comandaram e comandam.
Essas contradições, aliás, são da própria estrutura. Quem conseguir quebrar isso, será um heroi. Todavia, se tiver a força e o apoio, fará. Se não, será apenas mais um a fracassar. Até porque os interesses em jogo não estão dentre as paredes dos palácios governamentais, mas fora deles. São os gigantes econômicos, os grandes financiadores da política.
No Brasil, a submissão a pressões é uma verdade: o exemplo dos caminhoneiros é emblemático. Com um pouco de organização e coordenação, se estrangula o país e se põe o governo de joelhos. Sem equacionar isso, nada se concluirá. Com ou sem este ou aquele eleito. E não se resolve com pancada e grito mais alto. Se olharmos bem a história com olhos de quem quer, realmente, ver – nem a ditadura de Getúlio e nem os milicos resolveram. Por isso lá estiveram e caíram. E nos deixaram esta herança onipresente que temos por aqui.
(AS IMAGENS FAZEM UMA SIMBIOSE IMAGINATIVA, APENAS) (ILUSTRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES)